27 de junho de 2013

Esse abismo que me intriga

Sempre gostei do diferente, daquilo que ninguém nota, da pessoa no canto da festa, do olhar que se recusa a encarar, da pessoa que não quer acreditar, daquele que vive no seu mundo, que não faz questão dos outros. Sempre gostei de quem se basta por si, de quem não é carente, não se desespera em busca do amor, não faz da vida uma busca desenfreada por alma gêmea. Fazer o que, é o meu jeito. Eu sou assim. Em um mundo onde tudo se tornou comum demais, procurar o diferente se tornou minha missão e objetivo. Procuro o detalhe, o que passou despercebido, o que ficou invisível aos olhos. Procuro a agulha no palheiro, o raro, a exceção, o que está entrando em extinção.
É engraçado que nós, pessoas observadoras, conseguimos saber tudo sobre alguém que não conhecemos apenas observando suas atitudes. Pessoas que fingem felicidade, pessoas que escondem sentimentos, pessoas que não estão onde queriam estar, pessoas que não conseguem amar, pessoas que não são quem queriam ser. As únicas pessoas que nós observadores não conseguimos ler e decifrar, são os diferentes. Ou então, permita-me dar-lhes um nome que inventei, pessoas abismo. Por que pessoas abismo? Ora, porque não sabemos o que nos espera, mas a vontade que temos é de se jogar de cabeça e torcer para que o paraquedas funcione. As pessoas-abismo vivem em seu próprio mundo. São profundas. Elas também observam. E isso me intriga.  Por que não posso saber mais sobre você? O que você esconde? O que pensa? Já amou alguém? Qual o seu nome? Seu cheiro? De onde veio? Pra onde quer ir? Me leva?

Em meio a tanta normalidade, devemos procurar por algo que instigue. Esquecer o clichê do garoto popular que todas querem, ou do mais bonitinho que chama atenção quando chega em algum lugar. Deixa isso para lá. Devemos ser mais exigentes, entende? Não se contentar com o pouco, ou com o normal. Temos que procurar aquilo que brilha, irradia, queima. Pois só assim conseguiremos vivenciar a experiência que é o amor. Pois o amor não é normal, calmo, e tranquilo. O amor é profundo, misterioso, e causa um frio desconfortável no estômago. Assim como um abismo.

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